Cocytus
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Mensagem por Lucrécia Mccarthy Seg Set 19, 2016 8:58 pm

Caos: a primeira fase do Universo, sendo talvez o vazio, o vácuo, ou mesmo a explosão que deu origem à todas as coisas;
Nyx ou Nix: a noite;
Érebo: a escuridão, as trevas;
Gaia: a Terra;
Urano: o Céu;
Éter: a luz, o céu superior (atmosfera, o espaço sideral), o ar;
Hemera: o dia;
Tálassa: o mar Mediterrâneo, o mar costeiro;
Pontos: o furioso alto-mar;
Tártaro: o inferno, o submundo, o abismo sombrio;
Óreas: as montanhas;
Nesoi : as ilhas;
Ananque: a necessidade, o destino, o fato, a precisão;
Aeon: o tempo eterno, a imortalidade;
Calígena: a névoa primordial;
Fanes: a criação;
Eros: o amor, a junção, para alguns é na verdade o filho de Afrodite, em outras versões Eros é um primordial, enquanto Cupido é o filho de Afrodite.
Ofíon: a serpente dos ventos, do ar em movimento;
Eurínome: as planícies marinhas;
Fusis: a matéria (para alguns não é primordial, pois muitos gregos não cultuavam-na como viva ou como podendo se manifestar);
Hidros: as águas primordiais;
Tésis: a criação;
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Mensagem por Lucrécia Mccarthy Seg Set 19, 2016 9:01 pm

1790: Cansadas da imposta submissão ante a ordem olimpiana dos doze deuses regentes; as divindades primordiais e respectiva prole erigiram-se em revolta armada. Desencadeara-se, então, guerra tão violenta quanto se podia esperar. A primeiro momento, a vitória parecia destinada aos semideuses primordiais. Contudo, a perspectiva era enganosa. Derrotadas pelos semideuses olimpianos, as crias primordiais terminaram punidas, recebendo por pena a eterna reclusão no Lago Cocite. Além de ditos fatores, toda nova cria de um deus primordial era caçada e aprisionada no local, ainda que tal não possuísse relação com os eventos que levaram à dita resultante.

2016: Duzentos e vinte e seis anos e várias gerações após a guerra, o simples acampamento evoluíra por meio do esforço de seus habitantes. Mas a punição ainda se apresentava permanente. Contanto, estando os semideuses à mercê da crueldade divina, algo mudara. Uma entidade há muito adormecida, despertara. Esta, enfuriada pela hostilidade dos deuses, tomara a prisão sob sua proteção, ocultando-a sob seu véu, com intuito de interromper a tortura e os raptos. Por fim, a paz passara a instaurar-se em Lago Cocite. Ao menos, aparentemente, vez que levar a vida em cárcere torna passível de insanidade até a mais centrada das criaturas. Serão suficientes os poderes de uma única divindade para impedir que os eternos prisioneiros destruam a si mesmos?

Em contraposição à mensagem popular que trata de outorgar ao mundo atisbo de esperança, guerras de fato possuem vencedores e perdedores. De maneira ou outra, um lado termina por cima enquanto o outro cai de joelhos, derrotado. Um termina dominante, ao tempo que seu oposto sucumbe e submete-se à punição. Não fora diferente, portanto, na última guerra divina que andava lado à lado com a verdade absoluta dos mortais. Romanos e gregos, mais uma vez, uniram-se para lutar contra inimigos maiores do que jamais haviam imaginado: as até então rejeitadas e subestimadas crias primordiais, semideuses detentores de impressionante poder, com intuito de clamar os lugares que por direito correspondiam.

Definido para a vitória dos supostos vilões parecia estar o resultante, contudo, a último minuto, confusa reviravolta dera lugar ao exato oposto. Os supostos heróis, mais uma vez, à custa de sangue que não lhes era pertencente, terminaram por enviar ao chão os oponentes, recebendo direito de escrever a história do modo que lhes caísse em conveniência. Assim, os tachados ruins receberam devida punição, ainda que seu maior crime houvesse sido clamar por reconhecimento e lugar. Protestar não adiantava. Haviam perdido. Tinham de se submeter.

Sem demora alguma, entrando em consenso de maneira surpreendente, então, os olimpianos decidiram que o mais adequado destino à toda a prole primordial era gastar o resto de suas vidas em Cocytus Lake, uma instalação isolada cuja finalidade era dar lar apenas a eles. Finalmente, teriam seu tão clamado lugar. Contudo, viera-se a descobrir que tal paraíso não passava de uma prisão da qual jamais poderiam sair. O lugar era, em verdade, o inferno. Destinados, então, a viver e morrer em tal lugar, os corpos fadados a tonar-se parte do frio chão.

Como punição especial aos principais quatro líderes do levante, estes foram amaldiçoados com a imortalidade, de modo a gastar suas eternidades em prisão, assistindo como seus semelhantes nasciam e morriam frente à seus olhos sem jamais conhecer o mundo e sem que aqueles pudessem impedir.

Como soma à toda tragédia, a linhagem não poderia continuar apenas entre semideuses, afinal, macularia o divino sangue até nada além de humanos comuns estivessem aprisionados. De tal maneira, uma linha implícita do trato de tal punição, linha esta apenas sussurrada, permitia aos deuses que mantivessem contato com a prisão, podendo unir-se à semideuses para dar continuidade à linhagem, com ou sem consenso de tais. Para todos os fins, tal acordo não tomava ares de benefício apenas para as divindades primordiais, mas também para os demais deuses, em forma grega ou romana, sendo que quando a união entre olimpiano e semideus dava frutos, a cria jamais ficava em braços do progenitor mortal. Partindo dali, as criaturas viveram sob dita circunstância. Alguns tinham a sorte de encontrar amor em ser divino e não precisar sucumbir ante forçado sofrimento apenas para trazer ao mundo prole. Outros, nem tanto.

Por cerca de duzentos anos, a situação se estendera. Junto com ela, a prisão, que tornara-se uma cidade riscada do mapa mortal, erigida em torno ao lago que lhe dava nome. Ainda com a organização social moderna e evolução do local -possibilitada graças aos novos prisioneiros que, conforme o tempo, eram atraídos pelo lago ou guiados até lá por criaturas místicas-, tudo parecia fadado à continuar da exata mesma maneira: os prisioneiros, eternamente torturados com seus piores pesadelos e submetidos a jamais deixarem aquele local, simulando uma vida normal as custas de sua própria sanidade. Contudo, outra entidade alcançou o estopim de sua negação. Entidade tão antiga quanto o caos ou a névoa primordial, a consciência e patrona das luzes e dos espíritos brilhantes no céu boreal manifestara-se, por fim, em favor dos malditos. Aurora, a luz polar, enfurecida pela injustiça cometida contra aqueles que em comparação ao mundo ainda eram crianças, ocultara o acampamento do alcance de mortais e deuses, com intuito de protegê-los. Assim, ainda que por ainda breves momentos, acalmara as coisas e tornara-se adorada patrona daqueles atualmente presos no local. Porém, a ideia de paz ainda parece algo distante. Seria capaz uma única divindade de manter para sempre seguros de desgraça e sofrimento tantas criaturas? Seria também tal entidade forte o suficiente como para impedir que as coisas não desmoronassem desde ambiente interno? Ou o curto tempo no qual as coisas finalmente assentaram-se seria não passaria disso, um breve e ilusório período?
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