Madeleine Louvier

tinker, peter, killian e wendy, consumados entre lençóis brancos e corpos suados. nascidos no submundo e levados para o pai quando recém nascidos… ou re-nascida, no caso de tinker. deixe-me explicar. quando tinker nasceu ela já não respirava e com isso ananque teve que fazer uma coisa um tanto arriscada, para trazer a garota de volta a vida teve de entrelaçar as almas dos gêmeos fazendo com que um dependesse do outro para respirar normalmente. fazendo com que o que um sentisse o outro também sentisse. felicidade, tristeza, amor, dor. sobretudo a dor, os medos e as tormentas de cada um. juntos. sempre juntos, corações quebrados já não os incomodam. mãos entrelaçadas e sorrisos compartilhados. um em quatro… quatro corpos, dividindo uma só alma, um vínculo maior do que o de qualquer outro ser que pisa na terra. e nada pode os separar, pois o que ananque uniu ser algum é capaz de separar, ou desfazer. enlouquecendo aos poucos, segurando-se um no outro. caindo e re-aprendendo a andar. um passo de cada vez como quando crianças, como quando john os ensinava. era assim que os Louvier caminhavam e rumavam sua vida. a mistura perfeita entre água e vinho. o visível e o oculto. o livre e o proibido. o bem e o mal. não fazem amigos, não fazem amores, estão apenas atrás da vida que lhe roubaram. atrás da segurança e da inocência roubada. eles sabem exatamente o que querem e quem são.

era agosto, uma noite fria e escura que ocultava o que acontecia dentro daquela já esquecida cabana. os gritos de ananque eram a única coisa que se podia ouvir, enquanto essa dava à luz a quatro crianças. tinker nascera morta e para a sobrevivência da mesma, ananque fez o ato arriscado. poderia ter custado a vida de um deles? claro que sim, mas tinker sempre fora a preferida, desde que era apenas uma semente dentro da deusa. enquanto a garotinha voltava a respirar seus irmãos se enroscavam nela tentando ao máximo proteger seu pequeno pedaço de vida… oh sim, tinker sempre foi o pedaço de vida de peter, killian e wendy. mas ananque não podia ficar com elas, queria, porém não podia. o que fazer? a única coisa que uma deusa pode, entregar suas pequenas pérolas à seu amor mortal. e elas foram entregues aquele homem, cujo dormiu uma noite com a deusa e a fez gerar aqueles semideuses. john Louvier, um empresário que a última coisa que queria eram quatro filhos para criar, porém o fez. com todo o amor e carinho que conseguia. criados na escócia com o simples pensamento de que garotas nasceram para mandar e garotos para lutar. mas como poderia isso ser verdade? afinal o pai era quem comandava a casa e os quatro eram os que guerreavam a cada respiração.

como wendy sempre mostrou maior talento para mandar, john dedicava-se mais a essa, deixando os outros tristonhos com isso. no entanto, como a gêmea percebia isso, não ligava muito aos privilégios dados pelo pai. ainda lembro-me do dia em que john viera a falecer. suas últimas palavras foram “o amor machucará a ambas, por isso amem-se tanto quanto amei os quatro, pois quando afrodite bater em suas portas tudo o que restará será uns aos outros…” e então seus olhos se fecharam para sempre, lentamente e sem dor. macária havia feito um bom trabalho ao deixar o antigo amante de ananque deitar-se de uma vez em seus braços. no entanto agora os garotos estavam desprotegidos pelo “odor” do pai e eles estavam mais expostos ao perigo que o mundo real poderia trazer a eles. e diferentemente de todos os semideuses, eles já sabiam a verdade. sabiam de tudo e estavam em maior perigo do que os demais, se encontrados seriam levados para o lago. deveriam ter sido jogados lá assim que completaram seis anos, mas ali estavam eles com dez anos fugindo dos deuses. finalmente seu destino se cumpriu quando os quatro chegaram a prisão sem nem ao menos saber aonde estavam indo, e quando viram já era tarde demais. juntos, unidos. compartilhando os mesmo anjos e os mesmos demônios. o que você faria se toda sua vida dependesse da segurança de outras três pessoas?